À medida que os anos foram passando, nós humanos, fomos-nos tornando cada vez mais conscientes do impacto do nosso consumo diário. Este consumo afeta não apenas a sociedade e a economia, mas também o nosso planeta e a nossa saúde. Consequentemente, os média, os consumidores e os negócios e serviços falam cada vez mais de um consumo responsável.
O que significa consumir de forma responsável?
Consumir de forma responsável é um modo de consumir que tem em consideração as raízes do desenvolvimento sustentável. É uma forma de consumir que articula três pilares: economia, sociedade e ambiente.
O consumo sustentável pode portanto ser definido com base em três dimensões:
- comprar melhor (recorrendo a produtos mais duráveis, menos embalados e com menos impactes);
- consumir melhor (desperdiçando menos e consumindo de forma mais saudável e sustentável);
- descartar melhor (fazendo mais e melhor a reciclagem, e evitando comprar produtos que não são passíveis de ser reciclados).
Segundo a Comissão Mundial para o Ambiente e o Desenvolvimento, que em 1987 lançou um relatório chamado de “O nosso Futuro Comum”, o consumo sustentável é definido com base no conceito de desenvolvimento sustentável e é o que necessitamos fazer para “garantir que conseguirmos satisfazer as nossas necessidades do presente sem comprometermos a possibilidade das gerações do futuro poderem satisfazer as suas”.
Uma outra definição proposta em 1994 no Simpósio de Oslo define Consumo Sustentável como “o uso de bens e serviços que respondem às necessidades básicas e trazem uma melhor qualidade de vida, enquanto minimizam o uso de recursos naturais, materiais tóxicos e a emissão de poluentes no ciclo de desenvolvimento, não comprometendo as necessidades das futuras gerações.”
Por outro lado, o Programa do Ambiente das Nações Unidas define consumo sustentável de forma muito simples: consumo e produção sustentável significa “fazer mais e melhor com menos”. Assim, esta afirmação acaba por se traduzir na ideia de que, o consumo sustentável não é apenas identificar qual é a escolha mais sustentável, mas sim optar por consumir menos. Usar produtos da forma menos prejudicial para o ambiente. Tratar bem dos produtos e materiais de forma a podermos estender o seu tempo de vida. Repará-los. Mantê-los por mais tempo em vez de os substituirmos. E garantir que são reutilizados e reciclados quando estamos certos de já não precisar dos mesmos.
Existem vários estudos que nos mostram o intervalo entre aquilo que são as boas intenções dos consumidores e o que são de facto os seus comportamentos. Segundo o Eurobarómetro os consumidores:
90% dizem que proteger o ambiente é importante
22% compram produtos com rótulo ambiental
31% evitam comprar produtos demasiado embalados
66% dizem separar a maioria dos seus resíduos para a reciclagem
Este fenómeno chama-se falha na atitude-comportamento ou intenção-ação. Pode ser parcialmente explicado pelo facto de que o consumo ambientalmente responsável não ser fácil e conveniente: normalmente custa mais e requer um esforço por parte do consumidor, tanto em termos de conhecimentos como na identificação dos produtos mais sustentáveis – o que também significa não optar por produtos mais atraentes e baratos em nome de um bem maior. Nem todos os consumidores se encontram já neste estádio de disponibilidade.
Atualmente estamos a consumir mais recursos do que nunca, excedendo a capacidade do planeta de se regenerar. Um consumo e uma produção sustentáveis podem contribuir substancialmente para a redução da pobreza e para a. Consumo sustentável implica produção sustentável e ambos requerem uma capacidade de cooperação entre os diferentes intervenientes assim como entre os diversos setores e entre todos os países. Para além de contribuírem para a transição em direção a uma economia verde e de baixo carbono, a sustentabilidade no consumo e na produção podem contribuir para a redução da pobreza e o desenvolvimento mais equilibrado dos países.
A produção e consumo sustentável requerem uma abordagem holística e tratam-se no fundo de uma mudança sistémica. São construídos através de três objetivos principais:
- Desassociar a degradação ambiental do crescimento económico: fazer mais e melhor com menos, aumentar os ganhos de bem-estar de atividades económicas através da redução do uso de recursos, degradação e poluição ao longo do ciclo de vida, ao mesmo tempo que se aumenta a qualidade de vida.
- Aplicar o pensamento de ciclo de vida: trata-se de gerir os recursos de forma mais sustentável, tendo em conta todo o seu ciclo de vida incluindo a extração, distribuição, uso e reutilização de produtos e serviços. Desta forma pretende-se produzir e consumir de forma mais eficiente.
- Recorrer a todas as oportunidades para os países em desenvolvimento: A produção e consumos sustentáveis contribuem para a erradicação da pobreza e para o alcance dos ODS. Para os países em desenvolvimento, a produção e consumo sustentável oferece oportunidades como a criação de novos mercados, empregos verdes, assim como uma gestão preocupada com o bem-estar natural e uma gestão mais eficaz dos recursos. Trata-se na verdade de uma oportunidade para desenvolver utilizando as novas tecnologias, mais eficientes e menos poluentes, que são hoje economicamente viáveis são já seguidas por muitos países desenvolvidos.